20021028
{qmm}
We are the mirror
as well as the face in it.
We are tasting the taste this minute
of eternity. We are the pain
and what cures pain, both. We are
the sweet, cold water and the jar that pours.
Rumi (poeta Sufi do Séc. XIII).

20021026
{om}
É Preciso Não Esquecer Nada
Cecília Meirelles

"É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence."
(1962)

20021023
{zen} É verdade, eu e o {om} brincamos certo dia de responder o questionário várias vezes seguidas com variáveis diversas para "sentir" o mecanismo de seleção. A lista de crenças é razoável, mas inclui rótulos-curingas como o "universalista", que não coincidem com nenhuma crença organizada; aí fica difícil.
{qmm} Aqui outro teste de religião similar.
Esses testes parecem interessantes, mas são estereotipados; assumem que se pertence a determinado grupo já conhecido por eles, o que para eles significa "acreditar na lista A, B ou C de clichês/metáforas". Não esgotam todas as alternativas, nem colocam a resposta "nenhum dos acima" em perguntas cruciais.
{zen} Boa!

20021022
{zen} Meça sua religião.

20021021
{zen} Uma coisa que "wu wei" significa pra mim é "não se preocupar".
As preocupações são o playground do ego.
O mundo funciona de acordo com nossa ação, mas não é afetado pela [preocup]ação.

A letra "wu" ( "mu" em japonês), de maneira espertamente sugestiva, é construída a partir de "livro" e "fogueira".


20021020
{qmm} Sim, mas "fazer nada" do jeito certo. Os antigos taoistas chamavam isso "wu wei":
"A key principle in realizing our oneness with the Tao is that of wu-wei, or "non-doing." Wu-wei refers to behavior that arises from a sense of oneself as connected to others and to one's environment. It is not motivated by a sense of separateness. It is action that is spontaneous and effortless. At the same time it is not to be considered inertia, laziness, or mere passivity. Rather, it is the experience of going with the grain or swimming with the current. Our contemporary expression, "going with the flow," is a direct expression of this fundamental Taoist principle, which in its most basic form refers to behavior occurring in response to the flow of the Tao."

"This way, wu-wei is the lifestyle of that person who follows Tao and should be understood first of all as a form of intelligence - that of being aware of the principles, structures and tendencies of the human activity and of the natural phenomena so well that you could use a minimum amount of energy when you have to deal with them". (Alan Watts: "Dao - the Watercourse-Way").

Mais referências:
Thoughts on "Wu-wei"
Taoism for Dummies :-)

{om} A lição possível então é... fazer nada?

20021019
{qmm} Disse {zen}:
Esse jeito brusco de entrar na discussão, sem nem se apresentar, só pode ser próprio de um adepto do Zen.

Diria o Buda: há a apresentação, mas ninguém a ser apresentado. ;-)

{zen} O que me lembra que, nas 10 figuras do pastor, a figura que representa um estágio crucial da iluminação é um círculo vazio - nada de boi nem de homem.
{zen} Esse jeito brusco de entrar na discussão, sem nem se apresentar, só pode ser próprio de um adepto do Zen. ;)
{qmm}
The Buddha said: 'There is the deed but no doer, there is suffering but no sufferer, there is the Path but no-one to enter, there is Nirvana but no one to attain it.'
Assim, o que um ego não-existente pode fazer por outro ego não-existente? Nada... ou pelo menos, nada que faça o ego transcender (ou superar) seu contexto. O ego, formado do próprio dualismo, não tem como superá-lo.
Muito interessantes as clássicas "10 figuras de apascentar o boi"... o nirvana é atingido na figura 7. Na figura 10, o boddhisatva se libertou até da própria idéia de nirvana e retorna à sua aldeia, desconhecido e ignorado, fazendo nada de especial... mas é um boddhisatva.

20021018
{om} Ela sofre. Eu também, um pouco junto, uma solidariedade instintiva eu acho. Todos nós, mas no caso aqui, ela. Mas então o que fazem os boddhisatvas senão jogar um pouco de luz sobre essa separação ("alheia") na tentativa de quebrar o espelho da ilusão? Como a gente pode tentar fazer algo do tipo se há instrumentos para tal? Eu entendi, entendi que o sofrimento só acontece quando há ilusão, que a ilusão é o sofrimento (e que cada epicentro só se libertará por vontade própria), mas não há o que se possa fazer nesse coletivo de ilusões no sentido "um pelo outro", que seja tão líquido e certo quanto a auto-superação?
{om} Opa! Seja bem-vindo à casa {qmm}! :)
{qmm} A pergunta que tem-se que fazer aqui é: "Quem sofre?"
O sofrimento só acontece no plano do ego, é uma alucinação consensual. As galáxias não sofrem, os buracos negros não sofrem, as partículas sub-atômicas não sofrem, as moléculas não sofrem. O ego sofre porque é um epifenômeno que traça uma separação ilusória entre si mesmo e o resto do universo.
Isto praticamente por definição - qualquer entidade que faz essa separação é um ego, e vai sofrer porque essa e a sua natureza. A separação, esse distanciamento, não causa o sofrimento - é o sofrimento.

20021017
{om} De um ponto de vista individual e não-mental, acho q é isso mesmo. O problema é que a confusão mental é grande, não há a percepção tranquila que diz que o barco andará pra frente, como sempre foi, é e será. Se para alguns é um caminho não só líquido e certo como inevitável, para esta pessoa há uma patinação que, realisticamente, coletivamente e mentalmente vai e vém, avança e regride, quase como se fosse um... samsara consciente (não sei se essa expressão é um oxímoro). É uma agonia perdurante. Mas o pior talvez não seja isso e sim a poluição que essa mente causa nela mesma e ao seu redor, promovendo o pessimismo, a intolerância, a falta de respeito (próprio tb), a depressão, a violência e por aí vai. Então a questão agora ganha uma dimensão bem mais ampla e biológica: mesmo sendo inevitável o caminho da auto-superação, não há uma diferença importante na quantidade de "desistências" nesse caminho?, que pode aumentar a ponto de criar uma família, uma comunidade, uma cidade, uma nação ou mesmo um planeta inteiro doente - como se estivesse no caminho da auto-destruição? Como se fosse contágio, que de fato acontece? (Há um pouco de apego e noção temporal na questão, mas acho que são justamente essas substâncias que dão sentido ao mundo físico, ao aprendizado da alma). Como é isso?
{zen} A insatisfação é motor do progresso.
Acho que a percepção da vida como sofrimento é só um ponto de partida. Às vezes acusa-se o budismo de ser uma filosofia pessimista. Erro de interpretação. Não é pessimista em si: a pessoa é que pode se acomodar e estacionar nessa visão inicial ruim. Se ela não se acomodar, acontece o contrário, o pretendido: ela percebe que algo melhor existe e é alcançável - e se empenha na auto-superação.
Como você lembra, trata-se aí da superação da ignorância. Mas até essa meta pode ser inicialmente muito elevada, e acaba sendo substituída por etapas intermediárias. Uns esperam que alguma divindade interceda em seu favor, outros buscam a identificação com a divindade, ou de forma indireta com uma doutrina ou com um guru.
Quem sabe, porém, até essas coisas não são formas veladas de ignorância também? A única coisa com que podemos contar com toda a certeza é o esforço individual. Então...
O "meu" budismo é ji-riki, força interior, e não ta-riki, força exterior.
{om} Semana passada, conversando com uma amiga, fiquei sabendo da visão dela a respeito da vida, uma visão realmente triste, principalmente se você notar que ela mora num ótimo apartamento num lugar privilegiado na cidade, fazendo o que gosta e ganhando o suficiente. Ela me disse: "A vida não pode ser esse sofrimento, porque pra mim a vida é um sofrimento, acordar, trabalhar, isso é sofrimento". Fiquei sem ação, ao mesmo tempo em que eu não precisava falar nada pra ela (foi um desabafo), há o sentimento de que há um mundo inteiro à frente dela, pra ela conhecer e experimentar. Uma das verdades do Buda diz que há sofrimento no mundo, mas outra diz que a causa desse sofrimento é a ignorância. Partindo do ponto de vista e atuação do boddhisatva, queria colocar essa interrogação aqui, perguntando como se pode levar alguma luz a uma pessoa que percebe o mundo como pleno sofrimento.

20021015
{om}
Attentiveness is the path to true life;
Indifference is the path to death.
The attentive do not die;
The indifferent are as if they are dead already.

~ Dhammapada

20021014
{zen} Excelente!

20021011
{om}
Freedom from the desire for an answer is essential to the understanding of a problem.
~ Krishnamurti

20021008
{om} Uma imagem representativa da meditação.
{om}
"And what is the wholesome? Abstention from killing living beings is wholesome; abstention from taking what is not given is wholesome; abstention from misconduct in sensual pleasures is wholesome; abstention from false speech is wholesome; abstention from malicious speech is wholesome; abstention from harsh speech is wholesome; abstention from gossip is wholesome; uncovetousness is wholesome; non-ill will is wholesome; right view is wholesome. This is called the wholesome. And what is the root of the wholesome? Non-greed is a root of the wholesome; non-hate is a root of the wholesome; non-delusion is a root of the wholesome. This is called the root of the wholesome."
~ Buddha, "The Middle Length Discourses of the Buddha"

20021007
{om} The Spice Girl - indian hindu version.
{om}
Diz Anthony Williams:
"O mundo sempre parece ameaçador e perigoso para os covardes. Estes procuram a segurança mentirosa de uma vida sem grandes desafios, e se armam até os dentes para defender aquilo que julgam possuir. Os covardes são vítimas do próprio egoísmo, e terminam construindo as grades da própria prisão."
{om} Duas boas livrarias cariocas que tratam relativamente bem o Yoga são a Fnac e a Pororoca, especializada em esoterismo não-pejorativo. A Fnac é uma Virgin MegaStore brasileira e a Pororoca é um botequim de livros.
{om} Para instigar ainda mais Shiva a dar umas cavalgadas lá nas prateleiras da referida livraria, revelo que a seção onde se encontra as citadas obras atende pelo nome de "Esoterismo", na subseção "Terapias Alternativas". É bom porque aí vc já pega logo um livro sobre curas orientais para o mal-estar súbito. Brinquei que o slogan da livraria devia ser: "Não tem, mas se tem é caro".
{om} Já conversamos sobre uma certa insuficiência de conhecimento sobre o yoga que se nota no Ocidente, que o cultiva frequentemente apenas como uma ginástica mais, sei lá, "espiritualizada". Aos poucos a gente vai descobrindo os motivos. Na Livraria da Travessa, por exemplo, a maior de Ipanema, uma das maiores do Rio de Janeiro (junto da MegaSaraiva, Fnac e do sebo da 7 de Setembro), há dois livros sobre o assunto. Eu disse dois. 1 + 1. Ou seja, aqui em casa tem mais livros sobre o assunto do que na livraria inteira.

20021003
{zen} Ó que legal.
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